Dois diferentes sopros
Podemos distinguir
dois sopros (fôlegos) diferentes na Bíblia: o primeiro está no Velho
Testamento (VT), o qual
Jeová "soprou" a vida física sobre Adão e ele se tornou fisicamente
vivo (Gn. 2:7); o outro é o sopro que Jesus soprou sobre seus discípulos
(Jo. 20:21 e 22), o qual é o Espírito Santo e assim eles passaram a ter vida
espiritual, a qual veio a se manifestar posteriormente no dia de
Pentecostes.
O sopro de Jeová não evitou que as pessoas tivessem sobre si o estigma do
pecado, ainda que cumprissem integralmente a sua lei
(Gl.2:16), mas o sopro de Jesus trouxe uma nova esperança de vitória para todo aquele
que nele crê.
Se Jesus e Jeová fossem a mesma pessoa, qual seria a utilidade de dar um
outro sopro sobre os discípulos, visto que eles como homens naturais já
tinham recebido o sopro da vida física de Jeová?
Dois diferentes espíritos
Quando alguém se
zanga, sente ciúmes ou revela egoísmo, está manifestando as características
da filiação física à Jeová e ao seu espírito, visto que em termos físicos
toda a humanidade é criada segundo a sua "imagem e semelhança", a partir do pó da
terra.
Semelhantemente, quando alguém não revida após uma atitude ofensiva, nem se lamenta sobre sua sorte, está manifestando sua filiação ao
Pai e ao seu Espírito Santo, atentando para o exemplo de Jesus (o ultimo
Adão ) que é do céu e é espiritual. Essa é a diferença entre o “ser vivente”
-
Adão - e o “espírito vivificante” - Jesus Cristo, o "ultimo Adão" (1 Co. 15:45).
Conforme Gálatas 5:22,
os frutos do Espírito são amor, gozo, longanimidade, bondade, benignidade,
temperança e domínio próprio.
No
Velho Testamento, o espírito de Jeová operou nas pessoas através da violência,
como fez com Saul quando ele teve sua ira "acendida" e cortou furiosamente um par de bois
em pedaços (1 Sm. 11:6).
Da mesma forma Sansão, depois de algumas “incorporações“ do espírito de
Jeová, primeiramente
matou um leão e depois um exército de 1000 filisteus com a simples queixada
de um jumento! (Ju. 14:6 a 20; 15:14 e 15; 1 Sm. 11:6 e 7).
Que espécie de espírito é esse que operou no VT? Podemos ver os frutos do
Espírito Santo no espírito incorporado em Sansão durante o extermínio
daqueles filisteus?
Uma velha criação no
Gênesis
e uma nova criação no Pentecostes
O texto de Gênesis 1:2 diz que no começo a terra era sem forma e vazia e
que havia trevas sobre a face do abismo. Diz também que "o Espírito de Deus
pairava sobre a superfície das águas".
Essa situação tipifica a condição do homem natural não-reconciliado com
Deus. Ele é “sem forma e vazio” porque sua mente é controlada por forças
externas pela massificação imposta pela mídia e pela ação de espíritos
malignos. Como diz Colossenses 2:13, essa criatura é espiritualmente morta
pelos seus pecados e está na incircuncisão espiritual de sua natureza
pecaminosa.
Espiritualmente falando, não há utilidade em um espírito que esteja “acima da
superfície das águas” mas em um Espírito que esteja “dentro delas”. Se as
águas significam os povos e os indivíduos em geral (Ap. 17:15), conclui-se que o
importante é ter o Espírito dentro de uma pessoa e não simplesmente ao redor
ou nas proximidades.
No dia de Pentecostes, o Espírito Santo que havia sido prometido por Jesus
encheu aqueles discípulos que creram, os quais passaram a viver numa
atmosfera de vida sobrenatural, como descreve Atos 2:1 a 13. De um grupo de
judeus medrosos, com medo de serem presos (Jo. 20:19) eles se tornaram um
grupo de missionários ousados e embaixadores do Reino de Deus (At. 6:41 e
42).
Jesus disse a Nicodemos que ele precisava nascer novamente (Jo. 3:7). Esse
novo nascimento ocorre quando o Espírito que está fora passa a morar
dentro
da nova criatura.
O Espírito Santo do Pai nunca operou antes da vinda do Filho, pois Jesus
disse: “Se eu não for, o Consolador (Espírito Santo) não virá a vós, mas se
eu for, enviá-lo-ei para vós (Jo. 16:7).
Portanto, se no Velho Testamento o Espírito estava somente “se movendo sobre a superfície
águas”, no Novo Testamento quem está em Cristo é uma nova criatura através da operação
santificadora do Espírito
Santo; as coisas velhas já passaram e tudo se faz novo (2 Co. 5:16).
O Espírito e a tentação no deserto
Jesus cheio do Espírito Santo retornava do Jordão e foi
conduzido pelo espírito (santo?) ao deserto, onde durante quarenta dias foi
tentado pelo diabo (Lucas 4:4).
Dois espíritos são mencionados aqui: o primeiro (do qual
Jesus estava cheio) era o Espírito Santo e o segundo era simplesmente “um
espírito”, o qual não sabemos de onde veio. Se o segundo espírito também era
“santo”, porque o texto só chama “Santo” o primeiro espírito?
Em Tiago 1:13 nós lemos: “Quando tentados ninguém diga: Deus
está me tentando, porque Deus não pode ser tentado pelo mal nem tenta a
ninguém”. Ora, se o verdadeiro Deus não tenta a ninguém, cabe a pergunta: O
segundo espírito era um bom ou mau espírito?
No Velho Testamento Jeová conduziu o povo de Israel no deserto durante 40
dias (o número quarenta normalmente significa "tentação"), para humilhar o povo e
testá-lo em uma situação bem semelhante à de Jesus.
A grande diferença é que, quando tentado no deserto Jesus foi
vitorioso, enquanto que muitos do povo de Israel foram mortos ao serem
tentados por Jeová.
Espíritos maus
No
Velho Testamento vemos os
seguintes textos:
. Juizes 9:23 – Jeová
enviou um espírito mau entre Abimeleque e os cidadãos de Siquem.
. 1 Samuel 16:14 – Um espírito mau da parte de Jeová atormentava
Saul...quando Davi tocava sua harpa o espírito mau deixava Saul e ele se
sentia melhor (vide também 1 Sm. 18:10 e 19:9).
. 1 Reis 22:23 – Jeová pôs um espírito de mentira na boca de todos os seus
profetas. Jeová decretou desgraça para vós (vide também 2 Cr. 18:22).
. Isaias 19:14 – Jeová derramou no meio dele um perverso espírito e eles
fizeram errar o Egito em toda a sua obra como um bêbado que se revolve no
seu vômito.
Agora eu pergunto: Que
espécie de "Deus" é esse que operava no
Velho Testamento e mandava maus espíritos para
atormentarem os homens?
O verdadeiro Deus Pai
não envia espíritos imundos, mesmo porque Ele só tem um espírito – o Espírito Santo,
Consolador, cujo trabalho é:
- convencer o mundo do pecado (Jo. 16:7);
- guiar os homens à toda verdade (Jo. 16:3);
- ensinar aos homens todas as coisas concernentes ao Reino de
Deus e lembrá-los de tudo que Jesus disse (Jo. 14:26).
Jesus nunca enviou
espíritos maus a ninguém. Pelo contrário, Ele expulsou muitos espíritos maus
de pessoas atormentadas (Mc. 1:34; Mt. 8:16 e 9:33; Lc. 13:32).
Urim
e Tumim
”Urim e Tumim” são mencionados em Êxodo 28:30 a 35 na
descrição do peitoral do sumo-sacerdote. Esse peitoral, por sua vez
estava ligado ao éfode (verso 28).
O real significado de “Urim e Tumim” não é totalmente
claro. Contudo, estudiosos bíblicos interpretaram-nos como pedras que
brilhavam quando indicavam aprovação, assim como o código luminoso de um
semáforo de trânsito.
Essa hipótese é baseada na tradução da expressão hebraica “Turim”, que
significa “luzes”. |
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Depois do
período dos reis, Israel teve um governo teocrático. O sumo-sacerdote
entrava no santuário, pedindo pela direção de Jeová, o qual lhes respondia
através de “Urim e Tumim” (Nm. 27:21).
No tempo do Velho Testamento eles não tinham o Espírito Santo para conduzi-los à toda a
verdade, o que só passou a ocorrer após a vinda de Jesus, como diz João
16:13. Portanto, todas as questões difíceis e decisões que envolviam
julgamentos do tipo “sim” ou “não” eram levados pelos sacerdotes para
consulta a Jeová através de Urim e Tumim (Lv. 8:1 a 9).
Depois que o reino foi estabelecido, o método de “Urim e
Tumim” deixou de ser usado porque Jeová foi rejeitado como rei e soberano em Israel. Por
esse motivo ele parou de manifestar sua vontade através dessa maneira.
O silencio de Jeová trouxe desespero a Saul, primeiro rei de Israel, que
estava acostumado a esses tipos de orientações. A falta dos prognósticos e
adivinhações levou-o a procurar uma médium feiticeira em Endor (1 Sm. 28:6 e
17).
Situação semelhante ocorre quando um cristão, por causa de sua falta de
prudência, acha que Deus silenciou temporariamente para ele, passando a
buscar falsos profetas que o levam a grandes enganos.
Quando uma pessoa procura um profeta, está com isso impedindo a
possibilidade de que o Espírito Santo fale diretamente a ela de uma
maneira pessoal e sobrenatural, seja através de sonhos ou
meditação nas Escrituras.
Se Deus precisa falar particularmente com alguém sobre um
determinado assunto, Ele envia o profeta com a mensagem diretamente para a
pessoa que deve ouví-la. Portanto, a maneira correta ocorre quando o profeta vem
à pessoa e não a pessoa vai ao profeta.
A Septuaginta, versão em grego da Bíblia, traduz “Urim e Tumim”
respectivamente por “Delos” (Palavra) e “Alatéia” (Espírito Santo).
Já vimos que “Urim” significa “luzes” e Jesus é a luz
verdadeira que brilha na escuridão (Jo. 1:5 e 9). Já vimos também que
“Tumim” significa “perfeições”, portanto, poderia ser perfeitamente
relacionado com o Espírito Santo. Afinal, onde encontraríamos perfeição
verdadeira senão através das virtudes do Espírito Santo? (Ef. 5:9)
Os judeus foram guiados pelo “semáforo” de Jeová, chamado
“Urim e Tumim”, mas aqueles que crêem em Jesus são guiados pelo Espírito
Santo, portanto, não precisam recorrer a adivinhos e profetas porque
o homem espiritual discerne todas as coisas, mas ele de ninguém é
discernido, como diz 1 Coríntios 1:15.
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