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Quem é Melquisedeque?
Todos que lêem a
Bíblia com freqüência já devem ter ouvido falar de Melquisedeque. Qual é,
porém, a verdadeira identidade de Melquisedeque, o sumo-sacerdote do Velho
Concerto?
Melquisedeque é sem dúvida um personagem misterioso da Bíblia.
Ele é mencionado em somente três livros da Bíblia - dois no Velho
Testamento (Gênesis e Salmos) e um no Novo Testamento (Hebreus).
O autor do livro de Hebreus diz que muita coisa sobre ele poderia ser
dita, mas a interpretação seria difícil porque os ouvintes
se tornaram negligentes para receber essa palavra (Hebreus
5:11 e 12)… "porque já devendo já ser
mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais
sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais
que necessitais de leite e não de sólido mantimento”.
Ainda em Hebreus 7:3 lemos a respeito de
Melquisedeque… "sem pai, sem mãe, sem genealogia,
não tendo princípio de dias nem fim de vida"... e "o qual recebeu o ofício
do sacerdócio". Sem dúvida, esses atributos tais como "sem pai, sem mãe" ou
como "sem genealogia, sem princípio de dias" caracterizam alguém com uma
natureza sobrenatural.
Portanto, ao invés do que muita gente pensa, Melquisedeque não poderia ser
de natureza humana, pois o texto diz que ele não tinha genealogia humana e
os dias de sua existência não eram limitados Esses
atributos são próprios de um ser eterno, e neste caso, de natureza divina.
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Um sacerdócio imperfeito
(Hebreus
7:3)… "Sem pai, sem mãe, sem descendência, não tendo nem começo nem
fim de dias...
o qual recebeu o ofício do sacerdócio"
(Hebreus
7:11-12)… "se a perfeição fosse pelo sacerdócio
levítico (pois debaixo dele o povo recebeu a lei), que necessidade haveria
que outro sacerdote se levantasse segundo a ordem de Melquisedeque e não ser
chamado segundo a ordem de Aarão? Pois o sacerdócio sendo mudado, também é
necessária a mudança da lei".
Esses textos deixam claro que Melquisedeque foi o sumo-sacerdote de um
sacerdócio imperfeito, o que no caso se aplica ao Velho Concerto, baseado na
lei do Velho Testamento.
O Novo Concerto estabelecido através de Jesus
Cristo refere-se ao sacerdócio perfeito, que veio suprir as incapacidades e
limitações do Velho Concerto. |
Similaridades entre Melquisedeque e Jeová
Há uma grande similaridade entre as características de Melquisedeque e de Jeová,
o que prova que eles têem muito em comum. A
seguir, estão relacionadas algumas das coisas que Jeová e Melquisedeque
parecem se identificar:
. O padrão
usado por Jeová é o da justiça, prevalecendo inclusive sobre a misericórdia
(Êxodo 21:12-25; Levítico
24:20; Deuteronômio 19:21).
Por sua vez, o nome Melquisedeque significa "rei de justiça"
(Hebreus 7:2).
.
Melquisedeque era rei de Salém (Hebreus
7:2), a qual para muitos estudiosos corresponde à atual cidade de Jerusalém. Por sua vez, Jeová é
chamado "deus de Israel", cuja capital é a Jerusalém atual,
terrena, que não tem nada a ver com a Jerusalém celestial, também chamada de
"Jerusalém do alto"
(1 Crônicas 17:24; Êxodo
3:16; Gálatas 4:26).
.
Melquisedeque tomou dízimos do despojo tomado por Abraão e o abençoou
(Hebreus 7:1-6). Similarmente,
Jeová recebeu o dízimo dos descendentes de Abraão e abençoou o povo
(2 Crônicas 31:10).
.
Melquisedeque não tem começo nem fim de dias, ou em outras palavras - é
eterno. Ele também não tem genealogia (Hebreus
7:3). Jeová também é eterno e não tem pai, nem mãe, nem genealogia
(Neemias.9:5). Esse
fato caracteriza ambos como seres divinos e sobrenaturais, como os anjos.
.
Melquisedeque é o sumo-sacerdote vitalício do Velho Testamento
(Gênesis 14:18; Hebreus
12:22). Por sua vez, Jeová foi também o
mentor da base sacerdotal do Velho Testamento, o qual orientou pessoalmente todos os serviços
religiosos no templo, através de regras e exigências ritualísticas
criteriosas.
Um
detalhe curioso nessa descrição do modelo sacerdotal do Velho Testamento é que as pedras que adornavam o
éfode (peitoral) do sacerdote (Êxodo
28:6 a 21) são do mesmo tipo das pedras que adornavam o anjo que era o
modelo de perfeição no Éden, o qual veio posteriormente a se ensoberbecer
e rebelou-se contra o Deus Altíssimo (Ezequiel 28:13).
. É difícil interpretar o papel e o caráter do personagem Melquisedeque, como
lemos em Hebreus 5:11, e da mesma forma é difícil
compreender o caráter e os reais intentos de Jeová, o qual ora abençoava e
ora castigava sem qualquer compaixão.
. Melquisedeque assumiu forma humana quando apareceu a Abraão
(Gênesis 14:18-20). Por sua vez, Jeová
também tomou forma humana quando apareceu a Abraão (Gênesis
18:1-7) e anunciou que Sara teria um filho.
Alguns teólogos entendem que Melquisedeque era o próprio Cristo no
Velho Testamento
e chamam esse tipo de ocorrência "Parousia" ou
"Cristofania". Contudo,
o fato do texto deixar claro que Melquisedeque era uma
figura
(tipo) de Cristo prova que ele não era o próprio Cristo.
O fato de Melquisedeque ter oferecido pão e vinho a Abraão não significam
tampouco que Melquisedeque e o Filho de Deus sejam a mesma pessoa, da mesma
forma como Adão não era Cristo, embora Cristo fosse chamado o "último Adão"
(1 Coríntios 15:45).
Além disso, em outra parte é relacionado o fato de que
através de uma única ofensa (de Adão), entrou o pecado no mundo e atingiu
toda a humanidade. De forma análoga, através de um único ato de justiça (de
Cristo), a graça de Deus veio a ser derramada sobre todos os homens (Romanos
5:16-18).
Portanto, quando lemos que
Cristo é sumo-sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque, devemos entender
essa relação como uma
antítese, em que o
reprovável e falível veio a ser substituído pelo aprovado e irrepreensível.
Melquisedeque é o
sumo-sacerdote do Velho Testamento (ou do Velho Concerto), o qual se tornou obsoleto por causa de sua fraqueza e
inutilidade, como diz Hebreus 7:18 e foi definitivamente abolido por Cristo (2 Corintios 3:16).
Melquisedeque, rei de justiça
A
relação entre a
justiça (a qual é
associada com o nome de Melquisedeque) e a condenação está baseada no
fato de que a lei aplica tanto a justiça como a condenação. A justiça
implacável, porem, não leva em consideração a misericórdia nem a
compaixão, que são atributos peculiares do verdadeiro Deus e Pai.
Por todas as evidências
já relacionadas, poderíamos supor que Jeová e
Melquisedeque são a mesma pessoa, embora isso não esteja totalmente
claro nas Escrituras. Porém, ainda que não houvessem subsídios
suficientes para associarmos Jeová com Melquisedeque, uma coisa é certa -
ambos parecem estar intimamente relacionados, a começar pelo nome de
Melquisedeque, que significa "rei de justiça".
Em
Gênesis 18:25, Jeová é reconhecido pela sua justiça, porém não é a justiça que
leva em consideração a misericórdia e a compaixão, a qual é um
atributo peculiar e distintivo do verdadeiro Deus e Pai.
Uma coisa é certa - a índole violenta que Jeová revela em
várias ocasiões no Velho Testamento ao destruir implacavelmente exércitos e cidades, combina perfeitamente com a personalidade de Melquisedeque, o qual veio ao encontro de Abraão para abençoá-lo logo
após a matança dos reis inimigos (Hebreus
7:1; Gênesis 14:17-18)… "Pois esse
Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, o qual
encontrou Abraão retornando da matança dos reis, e o abençoou".
Portanto, aquela justiça que é atribuida ao nome de Melqueisedeque
parece estar associada à justiça implacável, que não hesita em aplicar a
condenação de forma radical e fulminante.
Se Jesus fosse Melquisedeque, como dizem alguns teólogos, Ele jamais iria
abençoar Abraão logo após a matança dos reis, quando Abraão saiu
vitorioso, porque o Filho de Deus não recompensa assassinos nem
homicidas, nem iria estimular qualquer atitude dessa natureza.
Pelo
contrário, quando Jesus foi preso, seu discípulo Pedro cortou a orelha
de um daqueles que o vinham prender, mas Jesus restaurou-a
milagrosamente (João 18:10), para provar que Ele jamais foi à favor da violência, sob
qualquer pretexto.
Da mesma forma, se Jesus fosse Melquisedeque, Ele jamais receberia
dízimo de um despojo que teve o preço de sangue daqueles reis. No
entanto, Melquisedeque não teve qualquer escrúpulo para tomar parte do
fruto do saque (Hebreus 7:4), o que confirma que são sacerdócios
completamente diferentes. |
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O perfeito e eterno sacerdócio de Cristo
Quanto ao
aspecto sacerdotal, lemos em Hebreus 7:11-12 o seguinte: "Se a perfeição
fosse pelo sacerdócio levítico (pois debaixo dele o povo recebeu a lei), que
necessidade haveria que outro sacerdote se levantasse segundo a ordem de
Melquisedeque e não ser chamado segundo a ordem de Aarão? Pois o sacerdócio
sendo mudado, também é necessária a mudança da lei".
Esse texto deixa claro que Melquisedeque foi o sumo-sacerdote de um
sacerdócio imperfeito, que teve de ser mudado juntamente com a mudança da
lei que o regia, e isso se aplica ao Velho Concerto. A imperfeição está no
fato de que houve necessidade de ser estabelecido um novo sacerdócio
perfeito e eficaz.
Isto significa que o sacerdócio do Velho Concerto foi mudado por um outro,
cujo sumo-sacerdote é Jesus Cristo, o Filho de Deus, e por isso que o texto
de Hebreus 7:12 diz que houve MUDANÇA de sacerdócio. Embora tendo sido
executado de uma só vez, o sacerdócio de Cristo tem um alcance universal e
eterno.
Melquisedeque estava incapacitado de prover salvação e redenção para quem
quer que fosse, pois seu ministério era imperfeito e semelhante aos dos
sacerdotes do Velho Testamento, que tinham que estar continuamente
oferecendo sacrifícios por si mesmos e pelo povo.
O sacerdócio levítico,
assim como o sacerdócio de Melquisedeque, tinha caráter temporário e era
exercido através de ministrações contínuas, com o sacrifício de animais e
oferendas da alimentos (Hebreus 7:28), enquanto que o sacerdócio de Cristo é
perfeito, eterno e único, realizado às custas de seu próprio sangue, como
diz Hebreus 9:24 e 25.
O ofício
sacerdotal iniciado por Melquisedeque não teve êxito porque era fundamentado
apenas em oferendas religiosas e no sacrifício ritualístico de animais. Por
causa disso, ele teve de ser substituído pelo sacerdócio de Jesus (Hebreus
7:11), o que significa que o sacerdócio do Velho Testamento deu lugar definitivamente ao
sacerdócio do Novo Testamento.
Por extensão, o Velho Concerto se tornou repreensível e porisso foi
rejeitado, havendo sido ABOLIDO por Cristo, como diz 2 Corintios 3:14-16. E
assim, o ministério de Melquisedeque representa o ministério do Velho
Testamento, o qual
foi invalidado por Cristo por causa de sua FRAQUEZA e INUTILIDADE (Hebreus
7:18).
Por outro lado, o Novo Concerto foi aprovado, exaltado e glorificado, e por
isso é chamado em Hebreus 7:22 de “um MELHOR concerto”. Após a ressurreição,
Jesus foi constituído "autor de uma eterna salvação", como diz Hebreus
5:7-9… "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu,
e sendo consumado veio a ser a causa da ETERNA SALVAÇÃO para todos os que
lhe obedecem".
O fato do sacerdócio de Jesus Cristo ter sido “segundo a ordem de
Melquisedeque”, como diz Hebreus 5:6, 7:17 e 7:21, não significa que os dois
ministérios estavam relacionados entre si, como se um fosse uma continuidade
do outro, visto que as diferenças entre eles são muito grandes, a saber:
- o sacerdócio de Melquisedeque foi temporal enquanto que o de Cristo foi
eterno (Hebreus 7:25);
- no sacerdócio de Melquisedeque e de todos os sacerdotes do Velho
Testamento, o sangue usado para expiação era de animais (bodes, bezerros,
touros e novilhas), enquanto que o sacerdócio de Cristo foi exercido com o
derramamento de seu próprio sangue (Hebreus 9:12-14);
- Cristo é ministro do santuário do VERDADEIRO tabernáculo estabelecido por
Deus (Hebreus 8:2), e não do VIRTUAL, que foi exercido por Melquisedeque e
por todos os sacerdotes do Velho Testamento;
- com a mudança do sacerdócio houve também a mudança da lei (Hebreus 7:12) e
assim, todo aquele arcabouço ritualístico de religiosidade aparente, que
regia o ministério do Velho Testamento, deu lugar ao ministério eficaz e
autêntico de Jesus no Novo Testamento (Hebreus 8:6; 8:13; 2 Corintios 3:6).
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